terça-feira, 26 de junho de 2007

Clark

Clark acordou com uma dor de cornos descomunal, uma vez mais. No banho, enquanto se guardava no espelho, veio-lhe à memória a noitada de whisky e jogo de roleta russa com Bruce. Uma pequena marca assinalava o lugar onde projéctil se havia estilhaçado:
“Clark… Clark… Tás a ficar velho!”
Lois despertou lentamente, de olhos estremunhados, enquanto ele trocava o pijama pela capa.
“Já vais! O sol ainda mal nasceu… O fato não está passado”
“Tenho de ir… Té logo”
Abriu a janela perra e parou pensativo, com o vento a lamber-lhe o cabelo.
“Clark! Dá me uma antes de ires! Uma daquelas valentes, velocidade luz!”
Olhou para trás de relance e disparou pela janela, cortinas a voar, directo ao céu.
“Clark…” Deitou-se de novo deixando os olhos percorram o tecto até umas cuequinhas a baloiçar na ventoinha desligada. “Oh… OOOH!”
Voou até alto dum velho edifício decorada com gárgulas e no dorso de uma sentou-se. Do cimo, enquanto enrolava um porro, observa a cidade povoada de pequenas formiguinhas. Nunca paravam as formiguinhas, corriam de um lado para o outro, batiam-se, magoavam-se, sorriam e amavam-se. Reparou que o S se descosia no peito. Passou-lhe a mão, como se por alguma arte mágica o símbolo se voltasse a coser.
“Às vezes só me apetece mandar isto tudo com o caralho” Gritou lá para baixo para as formiginhas. Botou o porro à boca e acendeu-o com o laser dos olhos.
“Ainda vais acabar por ficar estrábico”
“Mulher Maravilha!”
“Super-Homem” evocou ela com um rolar de olhos, dando particular ênfase ao super.
“Vai um bafo? Isto é merda da boa” disse com um sorriso rasgada por entre a nuvem de fumo.
“ Cresce! Tenho trabalho para fazer. Vemo-nos por aí” E partiu.
“Puta” disse Clark entre dentes. Ficou a vê-la a afastar-se. Focou-se nas suas nádegas a reluzir ao sol. Zoom. Zoom. E mais um bocadinho de zoom.
Apagou o porro e com um girar de pulso enviou a beata para lá da estratosfera. Estarei a ficar gordo? Pensou enquanto agarrava uma prega da barriga com dois dedos.
Enquanto olhava, amorfo, para o céu, curtindo a moca, apercebeu-se dum pontinho preto a crescer. O pontinho transformou-se numa bola e vinha a rasgar na direcção dele. Quando se apercebeu que já não ia desviar a rota, ergueu-se em cima da cabeça da gárgula preparando-se para distribuir pêra. “ Já só me faltava isto”.
A bola, que era azul, veio a assobiar e esborrachou uns quantos pombos que não tiveram tempo de se desviar. Parou mesmo na sua frente. A primeira coisa que lhe veio à cabeça foi que era Carnaval e o Pai Natal se tinha mascarado de Super-Homem.
“Genial!”
“Clark” disse o Pai Natal enquanto retirava meio pombo entalado dos seus cabelos grisalhos “ Precisas de vir comigo ao futuro. Há merda lá a acontecer que não dá pra resolver sozinho”
Clark estava em de boca aberta, paralisado pelo choque. O pensamento não tinha propriamente ganho agilidade com todo o neurónio entupido de ganza e whisky.
“Clark! Que estás a fazer?” Perguntou o Super-Homem do futuro. “Acorda homem!”
O maxilar moveu-se e um dedo esticado ergueu-se apontado ao Super-Homem do futuro:
“ TOU GORDO COMO CARALHO!!!” Estrebuchou. “ G-O-R-D-O C-O-M-O C-A-R-A-L-H-O”
O do futuro permaneceu de punhos nas ancas enquanto Clark digeria a informação.
“Afinal tou mesmo a ficar gordo!” dizia enquanto passava as mãos na sua redescoberta pança.
“Enganei-me. Preciso de voltar mais atrás.” Virou-se e pronto para partir, de relance para trás disse: “ Ahhhhhhhh… Olha! Humm… Usa presevativos tá bem!” E disparou para donde veio.
“Gordo! Espera. Vou contigo!” E partiu no seu encalço. Subiram muito sobre a cidade e atravessaram uma nuvem azul. Entraram num túnel feito da mesma nuvem azul com relâmpagos a saltar de todo o lado.
“Saímos aqui” disse o velhadas.
Saíram da nuvem a ribombar como dois trovões e sobrevoaram junto do solo, fazendo a tosquia a um par de ovelha com deslocação do ar.
“Hey! Estamos em Kansas. Porreiro!”
Foram até a uma escola que ficava no meio do nada. E ficaram a espreitar por uma janela.
“De caraças! Somos nós. E aquela ali é a Rosa dos bicos”
“Tinha um fraquinho a sério por ela”
Um adolescente ranhoso, um caixa de óculos de ombros descaídos estava encurralado pelos cacifos e por uma miúda escanzelada de tótós, que se encontrava de joelhos tentando desapertar a sua berguilha.
“ Hum! Rosa… Sabes… Não sei bem… ”
“Clark!” Interrompeu Rosa fuzilando-o com o olhar “Cala-te e segura-me na pastilha”
“Que totó!” tentavam os dois cá fora conter o riso.
Uma cabecinha baloiçava para frente e para trás enquanto Clark, vermelho como um tomate, mordia o lábio e tentava aguentar-se por tudo. Splash!
“Ai! Tou cega!”
“DesculpaDesculpaDesculpaDesculpa”
“Não consigo tirar!”
Os dois partiam-se a rir lá fora.
“Quem está aí?”
Irromperam os dois pela janela. “Clark meu jovem! Temos uma missão para ti.”
“Não vejo nada!” continuava Rosa.
“Se eu fosse tu ia lavar isso. Seca como cimento” disse o clark do meio.
“Senhores quem são vocês?” perguntou o jovem Clark.
“Nós somos tu. Mas mais velhos, mais sabidos e com DSTs”
“Somos o tu do futuro”
“Eu vou ser gordo!”
“Hum… Sim! Mas também vais ter uma capa e um fato catita”
“O teu tá roto. E o teu tem nódoas”
“E tu tas com a picha de fora. Achas que ele serve?” Perguntou o do meio para o mais velho.
“Claro! É um campeão. Um touro! Tá no auge da força”
“Amigo!” disse-lhe o do meio colocando o braço à volta “Hoje vamos salvar a terra”
“É mais precisamente daqui a 50 anos” frisou o gordo.
Partiram os três para a nuvem.
“O que se passou foi o seguinte” explicava o mais velho “ Hitler, o senhor de Andromeda, não o seu clone de 1940, basicamente apareceu sozinho na sua nave e iniciou uma guerra contra toda a população humana. Uma guerra que se encontra perto de vencer. Somos a ultima esperança. Tu, meu jovem Clark vais lá e dás-lhe porrada do arca da velha . És o único que o podes vencer”
Viajaram através de cinquenta anos num piscar de olhos.
“Wow! Que bandido é este Hitler. Poluiu a terra toda” Os dois Clarks entreolharam-se conspicuamente.
“Pois foi! Bandido. É por isso que tens que dar cabo dele jovem Clark”
“Podem contar comigo”
“Olha lá esta ele, ali ao fundo a entrar na loja de Mudança de sexo em 5 minutos e Engravide-se a si mesmo. Rápido Clark antes que um exército de pequenos Hitlers se espalhe pelo globo”
O jovem Clark encheu o peito e atirou-se de ganas.
“Que coragem! Vai Super-Homem vai”
“Olha como ele voa”
“Que soco. Tem genica o puto”
“Oh! Não… Não… Cuidado com o bigode!!!”
O jovem Clark encontrava-se a estrangular Hitler no meio do chão quando o pequeno bigode negro se transformou num bigode farfalhudo de homem e se enrolou à volta do seu gasganete fazendo-lhe saltar a cabeça com um Poc!
“Merda!” disse o Super-Homem do meio.
“Que se foda! Conheço um sitio porreiro para nos reformar-mos”
E assim partiram os dois para a nuvem azul e viveram felizes para sempre nos anos 60.

Fim

Rike(cu destro)

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