domingo, 6 de maio de 2007

Crise de meia-idade

Meus amigos! Estou triste. Que se passa Riquinho? Fizeram-te mal? Ficaste sem garina? Perguntam vocês, meus pseudo-amigos.
NÃO CARALHO. Estou triste porque estou sinceramente decepcionado com a indústria de vídeo jogos. Estou triste porque a cada geração que passa do PES fico orgasmicamente contente por uma novidade tão singela como um novo tipo de passe e corte. Estou triste, porque, no fundo, me entretenho na prática com o mesmo jogo, seja ela um shooter, um simulador, ou plataformas, de há dez anos para cá. Nome e cara diferente, mas na essência o mesmo jogo.
O que aconteceu à originalidade?
Como aconteceu entrar na rotina?
Porque é que acham cool fazer jogos de aventura em 3 dimensões?
Quem tramou o Pac-man?

Antes que comecem a levantar a garipa quero deixar aqui bem claro que não sou saudosista. Às vezes, quando me encontro a pastar na solitude da minha câmara de leito, vasculho as gavetas à procura de um daqueles clássicos de tempos longínquos. Hoje, parecem-me um vómito de pixeis acompanhados por uma batida a dois tempo, e geralmente em cinco minutos descarto-os para o lado. Mas, apesar de tudo, essas obras-primas desbravaram caminho e ofereceram experiências únicas. Jogos, que agora, olhando, para trás, se tornaram relíquias da memória.

Como sou um tipo generoso e hoje até estou com paciência vou oferecer um vislumbre desses tempos áureos. Não vou falar, aqui, dos clássicos consensuais, pois esses podem ser consultados facilmente em qualquer página especializada, vou falar daqueles que me ficaram imprimidas na retina e que têm um cantinho especial reservado no bondoso coração do Rike.

PAC-MAN

Como eu era feliz a levar o meu papa bolas à rua.
Criado pelo deus do vídeo jogo Namco em 1979 e lançado nos USA pela Midway, tornou-se num fenómeno social e até teve direito a merchandise, uma série televisiva e um pop single. Basicamente falando e sem papas na língua, o meu amigo Pac deu cabo do canastro a jogos como Space Invaders, Defender e Asteroids. Sim! Ele é assim tão bom. Toma lá morangos!



NORTH & SOUTH

Mennnnnnnnnnzzzzzzzzzzzzz! Isto é que era a diversão. Consegui passar horas a ser derrotado neste jogo sem nunca perder o sorriso estúpido da cara.

Este jogo de 1989 criado pela Infogrames, inspirado na guerra civil americana e de aspecto cartoonista que atribuia uma aura de pândega consistia em duas etapas: Uma batalha campal, com os exércitos inimigos dispostos em lados separados de um rio a bombardearem se como se não houvesse amanhã. Na outra etapa o jogo vira scroller e temos que correr atravez da base inimiga e fazer explodir o seu armazenamto de dinamite, basicamente mandar tudo com o camandro! Come chumbo yankeeeeeee!!!!


SIERRA:
KING’S QUEST, LEISURE SUIT LARRY, SPACE QUEST e GABRIEL KNIGHT


Meus camaradas! Chegamos à fase de reverência. Pensar que a época dourada da Sierra acabou traz-me lágrimas aos olhos.
O que é a Sierra? Perguntam os mais pequeninos. NOJO. METEIS-ME NOJO. Mas a culpa não é vossa, mas sim, da vossa Ministra da Educação.
Fundada pelos semi-Deuses Ken e Roberta Williams em 1979, revelaram-se como os Messias de jogos de aventura gráficos. A primeira jóia a sair das suas mentes iluminadas foi Mystery House. Inovador por contem imagens, ao invés de somente texto. UAU!
Seguiram-se outros títulos até que em 1985 foi lançado o primeiro da saga King’s Quest, assim sem grandes rodeios o mais reputado jogo de aventura de sempre. Ponto. Era e é mesmo bom.
Com um argumento baseada em elemento de clássicos de Estória da carochinha, onde o Cavaleiro tem que resgatar uma Princesa e salvar o reino recuperando três tesouros perdidos. E não era nada fácil. DASSE! Vinha artilhado com os extras todos: uma panofloia de gráficos animados e a cores. Uma perspectiva pseudo-3D e a personagem no ecrã, em que era possível controlarem os seus movimentos. Era basicamente o Ferrari dos jogos de aventura.

O auge da saga acontece com advento de King's Quest VI: Heir Today, Gone Tomorrow. É a pedra diamante que havia sido começada a lapidar com King's Quest V: Absence Makes the Heart Go Yonder (que nunca consegui acabar, fico para um dia mais tarde com os meus filhos, se calhar), em que os gráficos eram simplesmente de assombrar. Este jogo foi o maior projecto em que a Sierra se lançou. Roberta Williams achando que todas as suas melhores Estorias haviam sido contadas, colaborou com Jane Jensen, nos diálogos e narração. King’s Quest VI era caracterizado por actuação de vozes profissionais, animação capturada por movimento, um fim condutor não-linear em que dava origem a diferentes finais. Por palavras miúdas, equivaleu a lançar o primeiro homem no espaço.
Olhando em retrospectiva chego à conclusão que foi o jogo que mais me marcou, e que deve, também, ter marcado uma geração. Fica para num futuro próximo rever.


Vamos falar agora de um jogo que me traz memórias afeiçoadas. Leisure Suit Larry.
O meu amigo bonacheirão Al Lowe consegui criar a personagem mais nerd das Estória dos videojogos, Larry é tipo com tusa na demanda de perder a virgindade. Todas as sequências e diálogos eram inultrapassáveis em comédia. O jogo conquistou uma legião fãs, putos adolescentes que facilmente se identificava com a personagem. Eu, o meu bro e companhia, bem que passamos boas horas a queimar pestanas à pala do Larry.


Não vou falar de nenhum Space Quest em particular. A saga foi criada por Mark Crowe e Scott Murphy, dois tipos que gostavam um do outro e gostavam de vídeo jogos, que nos fizerem gostar de Space Quest. Quando penso em Space Quest penso em Roger Wilco. A personagem é a estrela que faz mover todo o jogo, e eu puto impressionável pensava que era o tipo mais fixolas à face do planeta. Agora percebo que me vim a tornar tão xoninhas quanto ele. Bigada Roger…



Gabriel Knight: Sins of the Fathers foi lançado depois do sucesso de King’s Quest VI. Foi lançado em CD desde o inicio e contava com um elenco de luxo(Tim Curry, Mark Hamill, Leah Remini e Michael Dorn) de Hollywood para dar voz às personagens. Passado em New Orleans tendo como base de fio condutor a investigação de um culto Voodoo. O jogo dá nos a conhecer um pouco do ambiente e cultura daquela maravilhosa cidade. Facilmente embrenhamo-nos no mistério e na personagem de grande profundidade que é Gabriel.


ALONE IN THE DARK

Acho que nunca borrei tanto as cuecas na vida e em tão pouco tempo como neste pedacinho de bits. Ainda tenho marcado em mim a cena inicial em que somos largados, desarmados, numa sala prestes a ser invadida por lobisomens.
Desenvolvido pela Infogrames como um jogo de horror e sobrevivência em 3 dimensão. Foi um dos primeiros do género e tornou-se no ponto de partida para uma miríade de sequelas de grande sucesso.
Os meninos mais pequeninos que tanto gostam do Resident Evil e afins bem podem agradecer ao senhor Alone in the dark. É caso para dizer “Ainda tu andavas de colhão para colhão já andava eu a fazer borrar cuecas”. Ou não.



LUCARTS:
MANIAC MANSION, INDIANA JONES, MONKEY ISLAND e THE DIG



Fundada pelo nosso amigo George Lucas, aquele tipo que estragou o StarWars recentemente, em Maio de 1982 com o objectivo de se expandir para outras área de entretenimento e consequentemente domínio mundial.
Tal como a Sierra a Lucasarts centrou os seus recursos a produzir das maiores pérolas de que há memória de aventuras gráficas.

Tive o prazer, graças ao meu primo Pedro, de por às ganfias em cima de Maniac Mansion, que introduziu o motor de jogo SCUMM (base para a maioria dos jogos que o procederam). O jogo introduziu umas funcionalidades bem engraçadas como a possibilidade de trocar livremente entre 5 personagens.

O amigo Indiana Jones voltou de novo à baila na forma de vídeo jogo, no seu melhor em The Fate of Atlantis, em que na minha humilde opinião não trouxe niente de novo. Marcou-me pela personagem, enredo e porque na altura papava qualquer coisa que me metessem debaixo da fronha.

Por favor façam comigo uma vénia colectiva a Monkey Island. Se existe jogo que consegue derrubar a barreira temporal é este. Agora que sou mais graúdo e ciente do mundo que me rodeia chego a uma conclusão muito simples: George Lucas produziu o StarWars de modo a conseguir produzir Monkey Island. Vénia.
O enredo apresenta todos os elementos essenciais a um bom regabofe: Um pirata bem pacholas, uma miúda tesuda, um tesouro para encontrar, e um mauzão que quer tudo o que nós queremos incluindo a nossa miúda!
Para espremer a essência da comédia que nos acompanha ao longo da nossa aventura tenho esta históriazinha bem catita:
Num ponto fulcral da estória, em que estávamos prestes a deslindar um mistério, e nos encontrávamos num estado de excitação semelhante a quando víamos Transformers a um sábado de manhã, quando carregávamos para entrar numa caverna o jogo pedia para inserir o disco #23, ou #34, que obviamente não existia. Isto deu azo a que putos estúpidos, geralmente americanos, telefonassem para a assistência técnica para serem prontamente enxovalhados pelos programadores… tempos felizes.


The Dig. Penso que foi o ultimo jogo de aventura gráfica a 2 Dimensões que joguei. Saiu na altura do Boom dos jogos de acção em 3 dimensões e pôs um ponto final, em grande, à época dourada de aventuras gráficas.
Tudo começou quando o senhor Steven Spielberg decidiu fazer uma epopeia espacial, com orçamento astronómico. Levou uma tampa do estúdio de produção (ainda estou para perceber como se consegue dar uma tampa ao Steve) e não se fazendo rogado foi pedir ajuda ao seu velho amigo George Lucas com intuito de transformar a ideia em vídeo jogo.
É com carinho que retiro da caixa das lembranças The Dig. Desde o 1º momento consegue envolver-nos numa áurea de misticismo e mistério, através dos espaços onde decorre a acção, os seus puzzles e de personagens de grande complexidade.
Agora olhando para trás e pelo seu final melancólico penso que os seus criadores se tomaram consciência que se estava a virar a pagina duma época.




ANOTHER WORLD

Uiiiiiiiiii! Another world Another World… Este jogo dá muito que falar, mas eu também não tenho muito para dizer.
Era um puto ranhoso quando, pela primeira vez, lhe botei a vista em cima. Era de estranhar não ter qualquer barra de energia, vidas, ou munições. Obrigando, assim, o jogador, a percorrer os níveis à base de intuição, tentativa e erro. E acreditem meus amigos que se erra muito. É penoso chegar ao final, mas muito recompensador. É de aproveitar, agora, que saiu a versão comemorativa de 15 (em alta resolução) para, ou experimentar pela 1ª vez, ou recordar.





CARMAGEDDON

Este jogo é pouco mau é! Je Je Je… As memórias de velhas freiras a serem repassadas com o meu pneu Michelin, o som da carnificina… quase sinto o cheiro da borracha queimada.
Meus caros! Boas horas passei a rebolar de riso, com os meus amigos, à pala deste jogo. E mais divertido se tornou quando soube que senhor Papa João Paulinho versão 2, deus tenha a sua alma em descanso, excomungava qualquer alma inocente que lhe pusesse as patas em cima.
Aconselho a provarem o Carmageddon 1 e 2, sendo que o 3º lançamento ficou aquém da expectativa.


STREET FIGTHER, DOUBLE DRAGON e TEKKEN

Se quereis porrada atão este três jogos são para vôs.
Meus lindos! O double dragon fortaleceu tanto a minha relação com o meu bro. Horas e horas a dar pontapés giratórios nos queixos dos nossos inimigos em comum. Nunca tão poucos fizerem tanto por muitos. Aconselho especialmente a casais com problemas conjugais.
Street Figther é a pedra basilar do jogo da porrada! Onde atingiu a apoteose no seu segundo lançamente, que originou várias versões ao gostinho de tantos meninos. É com orgulho que recordo ir para o técnico, com os meus doze aninhos, antes do treino de natação, arrebentar a boca dessas crianças de 29 anos que para lá haviam.
Tekken posso dizer que é o fruto de muitos anos de aperfeiçoamento, não existe melhor jogo de luta e aconselho a todos os meninos que queiram chumbar um anito ou dois na faculdade.


SUPER MARIO

Não vou desenvolver, pois, sei que o meu colega rabo tem grande afeição por este jogo e está igualmente a trabalhar num post sobre o nosso amigo bigodes.

MECHWARRIOR

Quero aqui deixar aqui um breve aparte que, mais dia, menos dia, estarei a produzir um filme sobre o universo Battletech.
Lembro-me do dia em que joguei Mechwarrior pela 1ª vez. Foi em casa do meu amigo rodas e fiquei encantado quando descobri que ao disparar o laser danificava diferente componentes do Mech e não de uma forma global. Ainda hoje não descobriram o quanto mais porreiro os jogos eram se fizessem essa diferenciação.


DUNE & MYTH

Dune 2, que nada tem a ver com Dune 1 sem ser o Universo e enredo, é o pai de todos os jogos estratégia, e há que se dizer que andou por aí a germinar muito filho! Todos os conceitos criados em dune 2 estão presentes em todos os jogos de estratégia posteriores. E quando digo todos, É MESMO TODOS. Por isso foi com grande entusiasmo que Myth the Fallen Lords foi recebido pela comunidade dura de jogadores de jogo estrátegia.
Quem nunca jogou Myth não merece nada. Este jogo quebrou a corrente de colectar recursos, para em seguida aumentar a base e exercito, para se centrar, somente no combate táctico. Muito calo ganhei no dedo indicador para, com a minha dúzia de guerreiros, deixar um mar de sangue e fazer saltar a carica a Balor, um tipo em tudo bem porreiro com excepção de estar morto e ter a obsessão de matar tudo o mundo.


CONCLUSÃO

Olhando em retrospectiva para todas estas tesourinhos fico com a sensação de que a industria dos videojogos está a experimentar uma crise da meia-idade. Agora que já tem a casa, carro, filho e dinheiro na banco lançou-se numa orgia desenfreada sobre os aspectos da sua juventude que ficaram por viver. Gráficos de fazer tusa à retina e banda sonora que faz valer a pena vender aquele tomatinho esquerdo por umas colunas alta-fidelidade.
Mas nem tudo está perdido. Há neste momento uma empresa que luta contra a maré e arrisca na originalidade. A Nintendo. Continua fiel à sua filosofia e promete ter ainda muitas cartas para dar.
Aproveito, para quem tiver interessado a experimentar alguns deste jogos, a dar a conhecer um site que se dedica a recolher jogos de antigamente. Pode se fazer download gratuitamente e apresenta um motor de busca bastante completo. Podem-no encontrar neste endereço: http://www.the-underdogs.info/

Meus fofos! Assim me despeço. Espero que tenham uma boa vida. Eu vou ter, pelo menos esta semana, pois parto de manhã para a bela da Sardenha. É MAU!
Não fiquem tristes não é o fim do mundo, cá ficam os meus colegas rabos a segurar o barco, se bem que vão ter que marchar com muito texto a roçar o pseudo intelectualismo.
Um bem-haja. Aquele abraço quente, apertado e peludo.

Rike(cu destro)

5 comentários:

Aquarius disse...

Então e o TETRIS??????? Quem não passou horas a jogar tetris?
Ok, se calhar fui só eu...

Anónimo disse...

oh priçusa esse é um joguinho pa gajas pahhh!

Aquarius disse...

Oh anonymous, eu sou gaja!!! É normal que jogue jogos de gaja :p O que não inviabilizava uma pequena nota ao meu querido TETRIS. De resto, esta história dos videojogos anda a minar este blog...

Anónimo disse...

Este post prendeu-me a atenção por momentos, felizmente não tanto tempo como alguns desses jogos que realmente me fizeram nostalgiar um bocado.
Se soubesse que eras cromo do streetfight, bem que te tinha partido uns dentes!!
e o north&south, brutal!!andar por cima do comboio e roubar o dinheiro ao motorista...e havia também a algures um mexicano tipico a dormir sentado com o sombrero por cima da carola.
só mais um jogo que me liga virtualmente ás tuas recordações de um Amiga500, ou algo do género, o another world, um jogo que nunca me atraiu grandes atenções, muito enigmático para o meu gosto.
Ficam os meu parabéns pelo post.

Anónimo disse...

não podia deixar de mencionar o "Lemmings", que até dava para fazer batalhas contra um palhaço a teu lado. e ao nível futebolistico o "Kick Off" e mais tarde o grnde "Sensible Soccer"!