terça-feira, 15 de maio de 2007

Algarve - uma caminhada sem rumo






Gosto do meu país. Gosto sobretudo do lugar onde nasci e, deixa-me triste ver como se transforma de ano para ano.
Nos últimos 30 anos e apesar de todas as chamadas de atenção, a construção tem tratado de destruir as cidades e os recursos naturais do Algarve. O que não é novidade para ninguém.
O sotavento algarvio resistiu durante muito tempo à ânsia da especulação imobiliária de construtores e políticos. Hoje as coisas são diferentes, os projectos de grandes dimensões sucedem-se debaixo de discursos políticos que os apelidam de crescimento e raramente de desenvolvimento.
Apesar de semelhantes, as palavras crescimento e desenvolvimento representam estados diferentes. Desenvolvimento subentende obrigatoriamente um crescimento positivo em todos os aspectos e neste caso, para toda a gente. Enquanto que crescimento se refere unicamente ao acto de crescer, ao aumento e à expansão, é algo meramente quantitativo.
O que se tem feito e se programa fazer nos dois concelhos de que falo (castro Marim e Vila Real de Santo António) é crescer, salvo raras excepções como são exemplo, toda a infra-estrutura desportiva de vila real e a recuperação de partes históricas de castro Marim (mão do IPPAR).
A minha infância foi marcada pela possibilidade de poder percorrer todos os lugares vizinhos, fosse a serra ou o sapal, todas as barragens onde tomávamos banho, os percursos junto ao rio, de bicicleta ou a pé, passávamos quase todo o dia na rua. Hoje esse espaço está mais limitado e amanha vai desaparecer. Longe de mim querer ser um velho do Restelo. O que se passa é que estes conselhos dentro de 10 anos estarão como Albufeira. Alguém tem coragem de dizer que é esse o caminho certo? Serão 2 ou 3 ou 4 campos de golfe a solução económica que justifica a destruição da paisagem de um concelho? Ou a construção de uma nova cidade para 8 mil habitantes, com o urbanismo e a arquitectura do mais horrível que me lembro de ver por perto, que em tudo contraria aquilo que é uma cidade, aquilo que é a vida e o espaço de uma cidade e que felizmente os espanhóis acolheram no seu território. Mas Tudo isto as pessoas aceitam como algo de bom que veio para os favorecer. O que chega são umas dezenas de postos de trabalho muitas vezes precário (porque são só de verão), uns milhares de ingleses e holandeses que enchem os bolsos dos capitalistas também eles estrangeiros que financiam estas obras. O que fica são as pessoas que já la estavam, que não vivem melhor nem estão mais ricas mas, perderam a beleza do seu lugar, agora cheia de verde artificial e casinhas com telhados de 4 águas as quais alguém se lembrou de dizer, que eram típicas e que não sabe nem viu com certeza o que é uma casa com um palheiro ou um moinho de vento, ou uma cabana de pescadores, isso sim são as construções típicas da região.
Tudo isto se vai passando a par com a incompetência politica generalizada à qual pouco importa como se constrói mas sim o que se constrói. Ou não sejam os exemplos anteriores prova disso.

fabio (cu centrale)

1 comentário:

Anónimo disse...

completamente de acordo!
(concelho de vrsa, escreve-se com "c"; dar um conselho, escreve-se com "s")