sábado, 19 de maio de 2007

Deusébio


Salvé!
Nesta passada semana fui confrontado pelos meus caros culegas para recomeçar a postar. Tenho a meu favor o regresso de uma semana exaustiva na sardenha, de papo para o ar, e, também tendo como filosofia de vida a máxima, a qual eu próprio sou o criador (com a devida colaboração do interveniente Danimau Machado):
“Não faças hoje o que podes deixar para amanhã”
Como sou uma pessoa de vigor físico incrível, nada orgulhosa e após ponderar os devidos factores resolvi na força do momento dar o braço a torcer!
Vou então aproveitar para fazer o tributo a essa lenda viva que é Eusébio. Para os mais novinhos, que ainda não estão familiarizados com o panteão, Eusébio o Pantera Negra era um deus que queria ser jogador de futebol em Portugal, mais especificamente no maior clube de futebol do mundo, O Benfica. Ora, para não arriscar a passar despercebido aos olheiros do Glorioso, Eusébio, decidiu incarnar precisamente em Lourenço Marques. Este pequeno detalhe demonstra, por si só, a mente maquiavélica de que era dotado. Outro pormenor interessante, e que foi decisivo para assegurar um lugar no plantel do clube da luz, foi o de se inscrever na filial do Sporting, o Sporting de Lourenço Marques. Foi a estocada final num plano infalível. O resto é história sabida, Eusébio tornou-se o mais poderoso jogador à face do planeta e venceu praticamente tudo. Não obstante, devido a ser um Deus e não menos bondoso, elevou a fasquia até, apenas, roçar o sobre-humano, permitindo assim, a todo o bom mortal sonhar em um dia conseguir chegar ligeiramente abaixo dos seus calcanhares.
Como prova de boa fé para a humanidade e de maneira a saldar a divida da Casa de Avis perante Inglaterra permitiu uma das suas poucas derrotas na sua vida, deixando em 1966 Inglaterra vencer o campeonato do mundo.
Queria fazer um tributo bonito, assim para o poético, mas já ouve quem o fizesse melhor e não sendo eu uma pessoa de desperdiçar tempo deixo-vos com uma das minha primeiras colagens neste blog, a crónica da Visão de Ricardo Araújo Pereira, A boca do inferno:

Um deus bondoso

“A notícia do internamento hospitalar do Eusébio foi das maiores surpresas da minha vida. A doença não é coisa que normalmente associemos à divindade, daí que a arteriosclerose do Pantera Negra me tenha apanhado desprevenido. Se até Eusébio adoece, que esperança resta a mortais como nós?
Como tudo o que é inesperado, a doença do Eusébio fez-me pensar, e o leitor sabe bem como os factos que me fazem pensar merecem celebração, quanto mais não seja pelo respeito que é devido aos acontecimentos raros. Em Portugal, temos o hábito de esperar que as pessoas morram para as homenagearmos, altura em que a homenagem, parecendo que não, é apreciada com menos entusiasmo. No caso das pessoas que vivem para sempre, como o Eusébio, as homenagens correm o risco de ficarem adiadas indefinidamente. Por isso, enquanto é tempo, presto a minha homenagem a Eusébio da Silva Ferreira, antes que seja tarde eu morra sem conseguir fazê-lo. Se o que digo enquanto vivo faz pouco sentido, calculem como serei incongruente depois de defunto.
A minha admiração pelo Eusébio nasceu num momento particular. Eram os últimos minutos da final da Taça dos Campeões de 1968, e o jogo estava empatado entre o Manchester United e o Benfica. Mesmo no fim, Eusébio aparece à entrada da área dos ingleses com um adversário de cada lado. Naquele tempo, as regras do futebol eram quase iguais às de hoje: injustas. As equipas eram obrigadas a jogar com apenas onze jogadores de cada vez, mesmo que do outro lado estivesse o Eusébio. A desproporção de forças era gritante. Era óbvio para todos que, só com três adversários pela frente (contando com o guarda-redes), Eusébio ia marcar.
O pantera Negra não desiludiu ninguém: deixou os defesas para trás como sempre, e depois fez o gesto de sempre e chutou com a força de sempre. Estava lá dentro, e o Benfica seria campeão da Europa pela terceira vez. Era impossível que o guarda-redes apanhasse aquela bola. E, no entanto, apanhou-a.
Quando percebe que o guarda-redes lhe tira a oportunidade de fazer o golo decisivo nos últimos minutos da final da Taça dos Campeões Europeus, qual é a reacção de um jogador? Grita? Pragueja? Chora? Insulta o adversário? Insulta a bola? Insulta-se a si mesmo? Provavelmente, faz tudo isso e ainda arranca cabelos. O que fez Eusébio? Foi ter com o guarda-redes e cumprimentou-o. E depois aplaudiu a defesa. O Eusébio era aquilo tudo que toda a gente admira: Os golos do meio campo, as arrancadas a deixarem todos para trás, a força sobre-humana, a velocidade incrível. Mas era também aquele cumprimento e aquele aplauso a um simples humano que se tinha transcendido a ponto de o conseguir parar. De entre todos os deuses que a Humanidade inventou, desde o início dos tempos, não sei se haverá muitos que reúnam tantas qualidades como o Eusébio.
Tantas palavras para deixar aqui escrita a minha opinião sobre ele quando ela se reduz a duas linhas: Eusébio é outra maneira de dizer alegria. Eusébio é outra maneira de dizer Benfica. São dois favores que eu agradeço. Obrigado, King.”



Rike(cu destro)

1 comentário:

Anónimo disse...

BENFICA BERMELHOOOOOO!!!!!!!!!!